Se a única visão que possuímos de nós vem do espelho social – do paradigma social em vigor e das opiniões, imagens e paradigmas de pessoas à nossa volta – , nossa noção de personalidade equivale ao que se vê em uma sala de espelhos mágicos de parque de diversões.
“Você chega sempre atrasado.”
“Por que não consegue nunca manter suas coisas em ordem?”
“Você deve ser um artista!”
“Você come como um cavalo!”
“Não acredito que você tenha vencido!”
“Mas isso é tão simples. Como você não entende?”
Estas visões são fragmentadas e desproporcionais. São, em geral, mais projeções do que reflexões, pois projetam as preocupações e falhas do caráter das pessoas que dão palpites sobre nós, sem saber realmente como somos.
O paradigma social atualmente aceito nos diz que nosso condicionamento e nossa condição determinam amplamente o que somos. Apesar de reconhecermos o imenso poder do condicionamento em nossas vidas, dizer que ele determina o que somos e que não temos controle algum sobre esta influência cria uma situação radicalmente diferente.
Atualmente, existem três mapas sociais – três teorias do determinismo amplamente aceitas, independentes ou combinadas, para explicar a natureza do ser humano.
O determinismo genético diz a culpa é dos seus avós. Por causa deles, você é tão mal-humorado. Seus avós eram rabugentos, e isto está no DNA. Passa de uma geração a outra, e você herdou tudo. Ainda por cima, você é irlandês, e os irlandeses são assim por natureza.
O determinismo psíquico diz que a culpa é de seus pais. Sua educação e as experiências na infância deram forma a tendências de sua personalidade e à de seu caráter. É por isso que você tem medo de encarar um grupo. Seus pais o criaram assim. Você sente uma culpa terrível quando comete um erro, porque lá no fundo você se “lembra” do roteiro emocional que decorou quando era muito pequeno, dependente e vulnerável. Você se “recorda” das punições emocionais, da rejeição e da comparação com os outros quando sua performance fica aquém do esperado.
O determinismo ambiental diz basicamente que a culpa é do seu chefe – ou de sua mulher, do filho adolescente respondão, da situação econômica ou da política internacional. Alguém ou algo em seu meio ambiente é responsável por sua situação.
Cada um destes mapas se baseia na teoria do estímulo/resposta que associamos mais comumente com os experimentos de Pavlov com cachorros. A ideia básica é que somos condicionados a reagir de determinada maneira a um estímulo em particular.
Com que precisão e funcionalidade estes mapas deterministas descrevem o território?
Com que nitidez estes espelhos refletem a verdadeira natureza do homem?
Não seriam eles profecias feitas com cartas marcadas?
Seriam eles baseados em um princípio que consideramos válidos, em nosso íntimo?
Texto extraído do livro: Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes de Stephen R. Covey
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