Declare seu legado por escrito

Alguém me disse certa vez que os primeiros cinquenta anos da vida são dedicados a construção da própria legitimidade, e os últimos cinquenta, à construção do próprio legado. Como isso é verdadeiro!

Assim também muitos de nós passamos a primeira metade da vida lutando para alcançar objetivos e realizações e ganhar respeito. E quando alcançamos essa legitimidade, que pode vir na forma de prestígio ou bens materiais, percebemos que falta algo.

Passamos, então, o resto da vida tentando fazer aquilo que deveríamos ter feito desde o começo: criar um legado.

Certa vez meu pai colocou um poema na porta da geladeira. Tinha sido traduzido do sânscrito e dizia, simplesmente:

A primavera passou, o verão se foi e o inverno chegou. E a canção que eu queria cantar, não cantei ainda. Passei meus dias esticando e afrouxando as cordas de meu instrumento.

Essas palavras foram escritas por um homem cujo coração estava cheio de remorso em razão de uma vida vivida pela metade. Em vez de cantar a grande canção que estava destinado a cantar, ele passou seus dias preparando as coisas e esperando que estivessem em ordem antes de agir – “esticando e afrouxando as cordas de meu instrumento”, diz ele. Infelizmente, o tempo esperado nunca veio.

Um momento de começar seu legado é agora, não daqui a dez anos, quando você “tiver mais tempo”, porque ambos sabemos que esse tempo nunca chegará.

Reflita sobre o que você quer construir na vida e, o mais importante, sobre o presente que você quer deixar para o mundo quando morrer.

A grandeza está em começar algo que não termine com você.

Para me ajudar a ver com mais clareza meu próprio legado, deixei-o por escrito.

Embora muitos executivos com os quais trabalho já tenham escrito suas determinações referentes à missão pessoal, poucos pensaram em escrever uma declaração de legados pessoais.

As primeiras definem a visão daquilo que se quer alcançar na vida, a última define aquilo que você quer deixar para o mundo depois de morrer. São diferentes.

Se você pensar nisso, poderá evitar, ao fim da vida, o sentimento de remorso, tristeza e desapontamento com relação aquilo que você poderia ter sido.

Extraído do livro “Quem vai chorar quando você morrer?” de Robin Sharma

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